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quinta-feira, 19 de abril de 2012

1943: Levante no Gueto de Varsóvia


Moradores do gueto são levados ao campo de extermínio
Grande parte dos milhares de judeus acuados pelo regime de Hitler no Gueto de Varsóvia sabia que não tinha chances de vencer uma rebelião contra as fortes tropas de elite da SS. Mas a falta de perspectiva dos judeus ali aprisionados, sabendo que o gueto seria posto abaixo, não lhes deixou outra alternativa.
Mais de 400 mil pessoas viviam encurraladas numa área de quatro quilômetros quadrados num bairro em Varsóvia. Cercadas por altos muros, cheios de proibições e controles, recebiam uma ração mínima de comida. Por imposição da SS, um conselho de moradores, responsável pela ordem e limpeza, era também obrigado a listar os nomes dos próximos a serem transportados para o campo de extermínio.
Entre julho e setembro de 1942, mais de 300 mil judeus foram removidos de trem do gueto para a morte certa no campo de Treblinka. A resistência foi formada a partir do desespero. Um dos sobreviventes conta: "A maioria foi a favor da rebelião. As pessoas achavam melhor morrer com uma arma na mão do que sem ela. Pode-se chamar este tipo de resistência de rebelião? Era uma luta para não sermos transportados ao matadouro, uma luta contra a morte".
Trabalhadores formaram a resistência
No final de 1942, houve uma pequena pausa nas deportações. Cerca de 70 mil pessoas ainda viviam no gueto, na maioria trabalhadores forçados para a indústria que fornecia materiais ao Exército alemão. Estes trabalhadores formaram o núcleo da resistência.
Judeus viviam em esconderijos, para não serem descobertos pelos nazistas
Comunistas, sionistas e socialistas judeus juntaram-se numa frente contra as deportações, dispostos ao combate armado, se necessário. Em dezembro de 1942, começaram a desenvolver um sistema de esconderijos para as pessoas procuradas. Quartos eram divididos e suas entradas tapadas com decorações. Muitas vezes, sua existência era revelada pelo choro de crianças.
Numa visita ao gueto em janeiro de 1943, o comandante da SS, Heinrich Himmler, ordenou que a população do bairro fosse diminuída através da deportação aos campos de extermínio. Esta ordem despertou a resistência. Cerca de 6 mil pessoas chegaram a ser retiradas, mas paralelamente os trabalhadores haviam conseguido armas do exterior e começaram a enfrentar as tropas de Hitler.
Em fevereiro, Himmler ordenou o fim do Gueto de Varsóvia. O oficial Jürgen Stroop foi encarregado de destruir todo o bairro. Seu contingente de cerca de 3 mil homens (na maioria da SS, a tropa de elite nazista) foi confrontado com a resistência dos 1,5 mil moradores ainda restantes, ao invadir o gueto no domingo 19 de abril. A resistência sabia da impossibilidade de uma vitória, mesmo assim continuou lutando com as armas de que dispunha.
Ação durou até 16 de maio
Os sobreviventes relataram mais tarde sobre o cheiro de cadáveres nas ruas, das bombas incendiárias e mulheres saltando dos andares superiores dos prédios com crianças nos braços. Somente a 8 de maio, os soldados alemães conseguiram cercar os rebeldes. Para não serem mortos pelas bombas de gás jogadas pelos alemães, muitos optaram pelo suicídio.
A ação nazista foi encerrada às 20h15 de 16 de maio, com a explosão da sinagoga do gueto judeu. O bairro estava em ruínas. Mais de 56 mil pessoas morreram na rebelião que entrou para a história judaica como a primeira resistência civil contra a crueldade fascista.
Muitos anos mais tarde, em dezembro de 1970, o chefe de governo Willy Brandt (o primeiro chanceler federal alemão social-democrata pós-guerra) se ajoelharia diante do monumento aos mortos no levante, em Varsóvia.
O gesto e o silêncio que se seguiu – interrompido apenas pela chuva de flashs fotográficos – repercutiram no mundo como símbolo de arrependimento, pedido de perdão e tentativa de reconciliação da Alemanha.

Fonte: DEUTSCHE WELLE

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